segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Planejamento

Aula de segunda feira, dia 29 de agosto.

Introdução ao contexto do rapsodo homérico.
Textos de Platão e Heráclito.
Imagens de vasos.
Fenomenologia da performance rapsódica

Aula de quarta feira, dia 31

Continuação da fenomenologia da performance rapsódica
Teoria da narrativa em Platão. 

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Link Iliada I, trad. Loureço

No curso, estou usando a tradução do F. Loureço.

https://www.scribd.com/document/206474502/Iliada-CantoI-F-Lourenco

Para acessar o scribd, tem de se inscrever no site.



Próxima aula. dia 17/08/2016 Texto Walter Benjamin

Continuando o livro O Futuro do drama






Segundo alvo crítico

voz ou pessoa

Voz autoral X voz das personagens

Objetividade de Homero: Narrador e personagens

- "intromissão da voz do  dramaturgo  nas vozes das diferentes personagens"(61)

"Praticar, relativamente a cada personagem , a anácrise e a síncrese, elaborar , cada um,  as suas opniões e confrontar as diferentes opniões  sob o olhar  crítico do público , eis a homologia desta dramaturiga como o diálogo socrático. Evidentemente  que um passo destes só poderia ter sido considerado a custo de um certo apagamento pela paixão pela personagem "(p66).
"Desde logo, pouco importa que a intervenção do autor seja explícita ou implícita,porque é a interrupção do desenvolvimento dramático que conta. (69-70)"

"descontrução da personagem individualizada.  O tempo de uma personagem  de teatro estritamente  construída à imagem do homem, parece soprar-nso Brecht, acabou. (97)
"Entre essas duas hipóteses, das quais uma faz da personagem um analogon da pessoa humana e a outra fa-la passar à categoria de natureza morta, talvez exista uma terceira que seria específica do dramaturgo-rapsodo: a de uma personagem  de um antropomorfismo incerto que o autor acaompanharia ao long do seu périplo teatral, cujas tribulações ele seguira passo a passo e à aual estria indissociavelmente ligado quanto o Douro Frankstein à sua Criatura. (97)

A questão dialoga com Platão República , livro terceiro.


V.
AUERBACH,E.  Mímesis. Editora Perspectiva, 1971 (especialmente o texto a cicatriz de Ulisses){https://prioste2015.files.wordpress.com/2015/03/tl1_auerbach.pdf}
HALLIWELL, S.  The Theory and Practice of Narrative in Plato  {https://research-repository.st-andrews.ac.uk/bitstream/handle/10023/3468/Narratology_Plato.pdf }


TERCEIRO ALVO CRÍTICO

A língua, a comunicação verbal, o diálogo dramático.
"Privado de sua função tradicional de formular o conflito e de o conduzir ao seu termo, através de uma série finita de relações duais, o diálogo dramático desaparece professivamente e enfraquece, tal como um órgão que deixou de ter utilidade. "138

"Textos como estes que acabei de citar marcam, talvez, um limite utópico, para não dizer um excesso, na desfiguração da língua teatral. Textos-vigia, que nos indicam que, no futuro, o dramaturgo-rapsodo terá ainda que se confrontar com a língua"(173)
a-"Realizar a hibridizaçõ é lacerar a trama da língua vernácula, inseridno-lhe uma quantidade de elementos alogênicos: citações de línguas estrangeiras... "167.
b-subversão das estruturas da língua vernácula ( sintaxe, gramática, ortografia, pontuação) 162
c- Silêncios. "O escritor de teatro deve talvez concretizar dois passos : registrar o silêncio que vem dos corpos e atravessar esse silêncio para o poder transcrever, para o poder transpor, conferindo-lhe a sua mais digna expressão teatral".147.
d- desvinculação palavra falada e pensamento.  "No drama modernos a palavra é um signo fracturado: a personagem fala, mas o pensamento, transferido para o espaço da linguagem, encontra-se algures noutro sítico. Entre o pensamento e a elocução, que a Poética de Aristóteles apresentava como um casal unido e solidário, exprimindo a passagem do poder ao acto, intercala-se o obstáculo da não-adequação do homem à linguagem, da afasia ou da logorréia. O não-dito esvazia o diálogo dramático e à palavra teatral anexa-se um extraordinário volume de silêncio". 146.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016



Pontos de partida

0- Teatro e estética: o teatro como uma província da filosofia: Platão, Aristóteles. Especificidade e subordinação. Mímesis, catarse, estrutura/forma.
1- o teatro em busca de suas possibilidades. Stanislavski, Meyerhold, Craig, Appia, Brecht, Artaud, Grotowski, Boal, Dario Fo, por exemplo. Sec. XIX - XX
2- composição, realização (atuação/encenação), recepção, produção.
3- Atuação e treinamento de atores, encenação.

4- Novas dramaturgias: novas escritas cênicas, e expansão do conceito de dramaturgia.


I-Alvo crítico. Mutações na escrita cênica. 

Alvo 1- composição

"A escrita dramática em sua forma canônica"(33) X novos conteúdos e novas formas

1- Arranjo das partes, como as partes de uma peça se relacionam. Teoria organicista. Analogia entre a obra e um organismo. Divisão em partes e hierarquia.

a- Platão Fedro 264c

" SÓCRATES
Mas acredito que você vai concordar que todo discurso deve ser organizado como um ser vivo (organismo), tendo um seu próprio corpo, não sendo sem cabeça ou sem pés, mas com tronco e membros, escritos(compostos)de forma a que se relacionem entre si  e com o todo.

Σωκράτης
ἀλλὰ τόδε γε οἶμαί σε φάναι ἄν, δεῖν πάντα λόγον ὥσπερ ζῷον συνεστάναι σῶμά τιἔχοντα αὐτὸν αὑτοῦ, ὥστε μήτε ἀκέφαλον εἶναι μήτε ἄπουν, ἀλλὰ μέσα τε ἔχειν καὶ ἄκρα,πρέποντα ἀλλήλοις καὶ τῷ ὅλῳ γεγραμμένα."


b- Aristóteles Poética 1451a

"É preciso então, como nas outras artes miméticas que a mímesis seja única pois é mímesis de uma coisa única, e também o seja o enredo, pois é mímesis de uma ação, única e completa em si, e que se componha as partes dos acontecimentos de tal forma que colocar uma parte em  lugar/ordem diferente ou suprimi-la acarreta a alteração ou movimentação do todo. Pois se a presença ou não presença de algo que não produz algo distinguível então esse algo não é parte do todo.

χρὴ οὖν, καθάπερ καὶ ἐν ταῖς ἄλλαις μιμητικαῖς ἡ μία μίμησις ἑνός ἐστιν, οὕτω καὶ τὸν μῦθον, ἐπεὶ πράξεως μίμησίς ἐστι,μιᾶς τε εἶναι καὶ ταύτης ὅλης, καὶ τὰ μέρη συνεστάναι τῶν πραγμάτων οὕτως ὥστε μετατιθεμένου τινὸς μέρους ἢ ἀφαιρουμένου διαφέρεσθαι καὶ κινεῖσθαι τὸ ὅλον: ὃ γὰρ προσὸν ἢ μὴ προσὸν μηδὲν ποιεῖ ἐπίδηλον, οὐδὲν μόριον τοῦ ὅλου ἐστίν.


" Pelo ideal clássico de representação, a obra artística possui unidade orgânica e se expressa por meio desta pretensa homogenização. A unidade orgânica consiste “na concordância das partes de uma obra com outras partes e com o todo, in the agreement of the parts of a work with each other and with the whole” (ORSINI, 1975:21). A coesão interna dos níveis é tão sistemática que “uma alteração da parte, quando por acréscimo ou supressão, envolve a alteração do todo, an alteration of a part, whether by addtion or removal, involves the alteration of the whole” (ORSINI, 1975:35). O uno-único-unificante, presumido e posto em circulação na unidade orgânica, não é, exclusivamente, um princípio de composição artística. Em sua motivação epistêmica, espelha “o conceito de atividade sintética da mente, the concept of the synthetic activity of the mind” (ORSINI, 1975:97). A representação inteiriça e monotemática apenas denuncia o alcance e a natureza das faculdades cognitivas humanas. Ao homem caberia modelizar suas estratégias de conhecimento em categorias gerais e abstratas posto que estas são as mesmas e constantes, imutáveis e absolutas." (MOTA 2015:94-95)



BIBLIOGRAFIA
MOTA, M. Imaginação e Morte. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2015.

ORSINI, G.  Organity Unity in Ancient and Later Poetics. Southern Illinois University Press, 1975.


Sub-alvo I-Teoria de um teatro épico

"liberada da tutela do tema unificador, a obra dramática apresenta-se como um entrelaçado de temas "(35)
"Contudo, ninguém duvida que o abalo que Brecht provocou nas bases aristotélicas do teatro ocidental, graças, sobretudo, à sua teoria de um teatro épico, onde os elementos narrativos rivalizam com os elementos dramáticos, abriu ao nosso teatro uma perspectiva de emancipação." ( 35)
"Epicização da forma dramática" 36


segunda-feira, 8 de agosto de 2016

SARRAZAC O FUTURO DO DRAMA NOTAS.



"A aspiração primordial das escritas dramáticas contemporâneas não é, precisamente, a obtenção da mesma latitude na invenção formal que o romance, gênero livre por excelência? ... Mas o preconceito é obstinado: enquanto que se admite, sem reticências, a vocação do gênero romanesco para se reformular continuamente, para variar e renovar as suas estruturas, persiste-se em recusar, em nome da óptica teatral a sacrossanta construção dramática, esta possibilidade a uma obra escrita para a cena" p. 35.
"Logo, escritor-rapsodo (rhaptein em grego significa 'coser), que junta o que previamente despedaçou e, no mesmo instante, despedaça o que acabou de unir". P. 37

"Ao questionarmo-nos sobre o aparecimento de um teatro rapsódico, ou seja, composto por momentos dramáticos e fragmentos narrativos, acabamos por nos interrogar se a nossa tradição teatral não esconde há muito tempo uma parte refractária à forma dramática, uma parte épica" p. 49.

"O autor dramático tradicional é forçado a recorrer à falsa modéstia: esconde-se sistematicamente por detrás das personagens, ausenta-se do seu próprio texto. Relativamente ao dramaturgo-rapsodo, podemos, pelo contrário, pressentir que, à semelhança dos seu antepassados homéricos, este 'está sempre em primeiro plano para contar os acontecimentos'e 'ninguém pode abrir a boca sem que lhe tenha dado previamente a palavra' "( p.59).


"a forma mais livre - a rapsódia- não é a ausência de forma" 224.

Lessing. Laocoonte. Tradução em inglês.


Link:
https://archive.org/details/laocoongott00lessuoft

O Futuro do Drama, de J.P. Sarrazac

Jean-Pierre Sarrazac fala sobre Léxico do drama moderno e contemporâneo