"A aspiração primordial das escritas dramáticas contemporâneas não é, precisamente, a obtenção da mesma latitude na invenção formal que o romance, gênero livre por excelência? ... Mas o preconceito é obstinado: enquanto que se admite, sem reticências, a vocação do gênero romanesco para se reformular continuamente, para variar e renovar as suas estruturas, persiste-se em recusar, em nome da óptica teatral a sacrossanta construção dramática, esta possibilidade a uma obra escrita para a cena" p. 35.
"Logo, escritor-rapsodo (rhaptein em grego significa 'coser), que junta o que previamente despedaçou e, no mesmo instante, despedaça o que acabou de unir". P. 37
"Ao questionarmo-nos sobre o aparecimento de um teatro rapsódico, ou seja, composto por momentos dramáticos e fragmentos narrativos, acabamos por nos interrogar se a nossa tradição teatral não esconde há muito tempo uma parte refractária à forma dramática, uma parte épica" p. 49.
"O autor dramático tradicional é forçado a recorrer à falsa modéstia: esconde-se sistematicamente por detrás das personagens, ausenta-se do seu próprio texto. Relativamente ao dramaturgo-rapsodo, podemos, pelo contrário, pressentir que, à semelhança dos seu antepassados homéricos, este 'está sempre em primeiro plano para contar os acontecimentos'e 'ninguém pode abrir a boca sem que lhe tenha dado previamente a palavra' "( p.59).
"a forma mais livre - a rapsódia- não é a ausência de forma" 224.
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