Assim como os rapsodos performavam os poemas de Homero, os grupos de contadores de estórias “Miguilim” e “Caminhos do Sertão”, de Cordisburgo, Minas Gerais, apresentam ao público as narrativas do escritor João Guimarães Rosa (1908-1967), que nasceu e viveu parte de sua infância na cidade.
Ser um dos Miguilins, em Cordisburgo, é sinal de distinção na comunidade. Os meninos escolhidos desenvolvem técnicas para decorar trechos longos de obras como Grande Sertão: Veredas (1956), Corpo de Baile (1956) e Sagarana (1946), para apresentá-los ao público que visita o Museu Casa Guimarães Rosa e também às pessoas que vão à Cordisburgo durante as anuais “Semanas Roseanas”.
Se é “Miguilim” dos 11 aos 18 anos; depois dessa idade, se a pessoa quiser continuar contando estórias, ela pode entrar para o “Caminhos do Sertão”, grupo que organiza caminhadas literárias pelos cenários reais que inspiraram Guimarães Rosa. Mais experientes e maduros, os caminhantes do sertão “ousam” mais em suas performances, adicionando à declamação dos textos, música e gestos mais teatrais.
Neste ensaio, pretende-se analisar as performances de integrantes desses dois grupos de contadores de estórias, relacionando-as com estudos sobre os rapsodos homéricos e com os narradores populares que aparecem nos próprios textos rosianos, como o violeiro Laudelim (ou Pulgapé), de "O Recado do Morro"; Joana Xaviel e o velho Camilo, personagens de "Uma estória de amor"("Festa de Manuelzão").
Palavras-chave: rapsodos; João Guimarães Rosa; contadores de estórias; grupo Miguilim; grupo Caminhos do Sertão.
Bibliografia básica: The singers of tales (Albert B. Lord); Corpo de Baile (J. G. Rosa); Vaqueiros e Cantadores (L. Câmara Cascudo); O Narrador (W. Benjamin); Nos passos de Homero (M. Mota).
Nenhum comentário:
Postar um comentário