sábado, 1 de outubro de 2016

Título: Platão Rapsodo? Entre Drama e Filosofia, oralidade e escrita. Ou - Performance filosófica nos diálogos de Platão? à luz do anonimato do autor, da forma dialogal e da Academia. (Henrique Guimarães)

Resumo: Esse trabalho visa esclarecer e elencar elementos que contribuam à discussão acerca da forma dialogal em Platão, seu anonimato dramático, sua forma de atuar filosoficamente diante das ‘rapsódicas’ de seu tempo (especialmente Homero) sendo ele mesmo um poeta-autor de um gênero que poderíamos dizer dramático-dialógico. Esse caminho nos leva às teorias do drama (e da μίμησις), e às repercussões acerca da crítica dos gêneros narrativos e performance (na República e no Íon, por exemplo).
Pensando possíveis ligações com a Academia (por uns[1] pensada como primeira escola de teoria de crítica literária da antiguidade – e provável lugar de leitura-performance de seus diálogos - mas não único) esboçamos  'a costura' platônica, seu direcionamento (da alma) pedagógico – e alguns elementos de “sua metafísica” da arte e ‘estética’) em meio à cultura (poético-teatral-retórico-científica) de sua época. Digo “suas”, pois se direcionam ao problema socrático – e do ‘porta-voz’ platônico nos Diálogos escritos. Essas direções  pretendem partir de considerações estéticas, reflexões sobre a arte própria de escrever,  sua maneira de estimular os personagens conceituais ao debate e a contracenar, reflexões sobre a produção de sentido que a forma/método dos Diálogos permite. As limitações (e tentações) da escrita monológica e tratadística em frente ao diálogo-dramático vivo (escrita na alma) se associam intimamente com a questão do auto-movimento dialético do texto platônico (e da montagem dramática). Esse texto escapa de “suas” próprias críticas acerca da fragilidade (dogmática) do discurso e de determinadas formas narrativas para a falar da “verdadeira filosofia”?

Palavras chave: rapsódia, diálogo, Academia, performance, filosofia.

Bibliografia:
BALTES, Matthias. Plato’s School, the Academy. Hermathena, No. 155 (Winter 1993), pp. 5-26. Trinity College Dublin. Estable url: www.jstor.org/stable/23041030

PLATÃO. A República. (Trad. M. H. P. da Rocha) Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2014.
HOMERO. Ilíada. (trad. F. Lourenço) São Paulo. Penguin Companhia, 2013.
LESSING, G.E. Lacoonte. Ou sobre as fronteiras da pintura e da poesia. (Trad. M. Seligmann-Silva, 2011)
PLATÃO. Carta VII. Tradução José Trindade Santos e Juvino Maia Jr. – Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2008.
_______. Fedro. Tradução Carlos Alberto Nunes- 3ed. – Belém : ed.ufpa, 2011.
República
PRESS, Gerald A. Who Speaks for Plato? Studies in Platonic anonymity – Rowman & Little Publishers, 2000.
ROWE, C. J.. Plato and the Art of Philosophical Writing. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. ; outros: Cherniss
NAILS, Debra. Agora, Academy and the conduct of Philosophy. Philosophical Studies, Series 63, Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1995
CORNELLI, Gabriele. Onde está Platão? A Academia de Platão como lugar de ausências. Carmen Soares, Francesc Casadesús Bordoy & Maria do Céu Fialho (coords.), Redes Culturais nos Primórdios da Europa - 2400 Anos da Fundação da Academia de Platão (Coimbra e São Paulo, Imprensa da Universidade de Coimbra e Annablume, 2016). 161 p https://digitalis.uc.pt/pt-pt/content/livro?id=38821




[1] Mathias Baltes, Plato’s School, the Academy. 

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