sábado, 15 de outubro de 2016

TÍTULO: Emergência, proliferação ou crise da figura do narrador – diálogos possíveis entre Benjamin, Lehmann e Sarrazac.

EMERGÊNCIA, PROLIFERAÇÃO OU CRISE DA FIGURA DO NARRADOR – DIÁLOGOS POSSÍVEIS ENTRE BENJAMIN, LEHMANN E SARRAZAC
Bárbara Gontijo

Walter Benjamin afirma, em seu artigo sobre a obra literária de Nikolai Leskov, "O narrador" (1936), que a sua figura está em extinção. Em seu ponto de vista, o que provoca esse desaparecimento parte da escassa experiência comunicável e da arbitrária produção de notícias do tempo entre guerras em que escreve. O romance será, justamente, o rompimento com a tradição narrativa arcaica, que tem o narrador como aquele que “[conta] sua própria experiência ou a relatada pelos outros. E incorpora as coisas narradas à experiência dos seus ouvintes” (BENJAMIN, 2012). Já Sarrazac (2002), em sua tese de que o teatro contemporâneo passa por uma rapsodização – isto é, resgata uma noção antiga de um performer que transmite a tradição oral – sugere a existência do dramaturgo-rapsodo. Ele seria, como o narrador arcaico, produtor de presença que, nesse caso, é ploriferada e expandida. Sem uma unidade orgânica, as vozes nos textos se tornam fragmentadas, plurais e desierarquizadas. Lehmann, também falando do teatro feito a partir do século XX, sugere não só uma disseminação das vozes e de sujeitos, mas também uma experiência que podemos identificar como semelhante a que se refere Benjamin com relação ao narrador arcaico. Afinal, o teatro seria “um tempo de vida em comum que atores e espectadores passam juntos”, no qual a representação  “faz surgir a partir do comportamento no palco e na plateia um texto em comum” (LEHMANN, 2002). Portanto, neste artigo, pretende-se cotejar as diferentes teorizações dos referidos autores com relação à condição do narrador na contemporaneidade. Com o intuito de cernir as divergências e confluências de suas perspectivas, os questionamentos aqui propostos investigarão a presença do narrador no teatro produzido atualmente. Em outras palavras, as observações de Benjamin sobre o narrador na literatura podem se relacionar com a questão do drama contemporâneo?


PALAVRAS-CHAVE: dramaturgo-rapsodo, narrador, Benjamin, Lehmann, Sarrazac

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 2012.

LEHMANN, Hans-Thies. Teatro pós-dramático. Tradução de: Pedro Süssekind. São Paulo: Cosac Naify, 2007
SARRAZAC, J-P. O futuro do drama: escritas dramáticas contemporâneas. Tradução de Alexandra Moreira da Silva. Porto: Campo das Letras, 2002.
Hans-Thies Lehmann - Teatro Pós-dramático, doze anos depois Rev. Bras. Estud. Presença, Porto Alegre, v. 3, n. 3, p. 859-878, set./dez. 2013. Disponível em: <http://www.seer.ufrgs.br/presenca>


SUMÁRIO


1 – Introdução ao contexto histórico e temático das proposições a serem estudadas
1.1 – Benjamin, o entre guerras, literatura e Marxismo

1.2 –  Sarrazac e a dramaturgia moderna

1.3 –  Lehmann e o teatro contemporâneo na Alemanha
2 – Exposição das teorias
2.2 – O narrador em vias de extinção
2.3 – O dramaturgo-rapsodo (ou autor-rapsodo)
2.4 – O pós-dramático
3 – Cotejamento entre as teorias: possíveis diálogos
4 – Conclusão

6 – Bibliografia

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